Quando se fala em inadimplência no aluguel, o foco costuma recair sobre o valor não recebido, o impacto direto no caixa da imobiliária. Mas há um risco ainda mais estratégico e silencioso: a perda do proprietário como cliente.
O aluguel não pago é apenas o sintoma
É natural que o atraso ou não pagamento do aluguel preocupe. Ele gera custos com cobrança, compromete o fluxo de caixa e pode até demandar ações judiciais. No entanto, esse é apenas o efeito visível. O verdadeiro impacto está na experiência negativa do proprietário, que pode levá-lo a romper o vínculo com a imobiliária.
O custo operacional invisível
Além do valor não recebido, há um custo operacional significativo envolvido na inadimplência:
- Abertura de sinistro: Quando há garantia como seguro-fiança, o processo de acionamento exige tempo, documentação, acompanhamento e interação com a seguradora. Isso consome recursos da equipe e pode levar semanas para ser concluído.
- Cobrança ativa: Envolve ligações, e-mails, notificações extrajudiciais e, em alguns casos, encaminhamento para jurídico. Tudo isso demanda estrutura e gera despesas que raramente são recuperadas.
- Desgaste com garantidoras: A inadimplência recorrente pode enfraquecer a relação da imobiliária com seguradoras e empresas de garantia. Isso pode dificultar futuras aprovações, encarecer os produtos ou até limitar parcerias estratégicas.
As garantias ajudam, mas não resolvem tudo
Garantias como seguro-fiança, caução ou fiador são mecanismos importantes para mitigar o risco financeiro da inadimplência. Elas protegem o recebimento do aluguel, ao menos parcialmente. Mas nenhuma garantia cobre o desgaste na relação com o proprietário.
Quando o inquilino atrasa, mesmo com garantia, o proprietário:
- Fica inseguro quanto à continuidade do contrato.
- Se frustra com a demora na resolução.
- Percebe a imobiliária como pouco eficaz na gestão do risco.
O risco real: perder o proprietário
A consequência mais grave da inadimplência é o proprietário decidir retirar o imóvel da carteira da imobiliária. E isso tem efeitos profundos:
- Perda de receita recorrente: A comissão mensal desaparece.
- Redução de portfólio: Menos imóveis disponíveis afetam a atratividade da imobiliária.
- Custo de aquisição (CAC): Captar um novo proprietário exige tempo, marketing, equipe comercial e investimento. Em muitos casos, o CAC pode variar entre R$ 100 e R$ 1.000 por proprietário, dependendo do canal, da região e da estratégia de captação.
Proprietários com múltiplos imóveis: risco multiplicado
O impacto é ainda maior quando o proprietário possui vários imóveis sob gestão. A inadimplência em um único contrato pode gerar insatisfação suficiente para que ele retire todo o portfólio da imobiliária. Ou seja, o risco não é apenas perder um imóvel, é perder cinco, dez ou mais de uma só vez. Isso representa uma perda significativa de receita e exige um esforço muito maior para reposição.
Conclusão
A inadimplência não deve ser tratada apenas como um problema financeiro. Ela é um risco estratégico de retenção. Garantias ajudam, mas não substituem uma gestão proativa, transparente e eficaz da relação com o proprietário. Imobiliárias que entendem isso protegem não apenas o aluguel, mas o cliente que sustenta o negócio.





