O Brasil imobiliário é múltiplo: por que sua imobiliária precisa olhar para os próprios dados?

Em um momento em que o mercado de locação de imóveis no Brasil passa por transformações profundas, uma verdade incômoda se impõe: não existem dados públicos consolidados e abrangentes sobre inadimplência, garantias locatícias ou volume de contratos de aluguel no país.

Embora algumas plataformas privadas divulguem índices e tendências, esses números refletem apenas o comportamento de suas próprias carteiras de clientes — concentradas principalmente em grandes centros urbanos. Ou seja, não representam o Brasil como um todo.

Um país, muitos mercados

O Brasil é um verdadeiro mosaico de realidades. O que funciona em São Paulo pode não fazer sentido em Juazeiro do Norte. A garantia mais comum em Curitiba pode ser praticamente inexistente em Santarém. Enquanto algumas capitais operam majoritariamente com garantias onerosas, muitas cidades ainda mantêm o fiador tradicional como principal modelo de segurança locatícia.

É claro que a desburocratização é sempre bem-vinda em qualquer praça — como a análise de crédito rápida e segura, contratos digitais ou vistorias mais tecnológicas. No entanto, a digitalização da jornada de locação — desde o anúncio do imóvel até o atendimento e suporte ao inquilino e ao proprietário — pode variar significativamente, entre digital, analógico e, em alguns locais, até “artesanal”.

Essa diversidade torna qualquer tentativa de estabelecer uma “média nacional” pouco útil para decisões locais. Seguir números divulgados por plataformas ou tendências nacionais pode levar a conclusões equivocadas se não forem adaptadas à realidade da sua praça. Afinal, não existe um único mercado imobiliário brasileiro — existem centenas, cada um com suas dinâmicas, perfis e comportamentos próprios.

O tripé da inteligência imobiliária

Diante desse cenário, o caminho mais seguro e estratégico para qualquer imobiliária é construir suas decisões com base em três pilares fundamentais:

1. Conhecimento profundo da sua praça

  • Quais tipos de imóveis compõem sua carteira?
  • Qual o perfil dos inquilinos mais frequentes?
  • Quais garantias são praticadas e quais geram mais inadimplência?

Essas respostas não estão em relatórios nacionais — estão no dia a dia da sua operação.

2. Análise dos seus próprios dados

  • Qual é a taxa de inadimplência da sua carteira?
  • Quais tipos de garantia funcionam melhor com seu público?
  • É possível segmentar sua carteira e identificar perfis de inquilinos ou locações mais rentáveis?

Imobiliárias que monitoram seus indicadores com regularidade conseguem antecipar riscos, ajustar processos e melhorar resultados.

3. Alinhamento com a estratégia da empresa

  • Sua imobiliária quer crescer em volume ou em rentabilidade?
  • O perfil dos seus imóveis está alinhado à estratégia de crescimento?
  • Que posicionamento de marca, comunicação e atendimento melhor sustentam essa estratégia?

A leitura dos dados precisa estar conectada aos objetivos estratégicos da empresa. Caso contrário, vira apenas estatística sem ação.

Conclusão: inteligência e estratégia contra a inadimplência locatícia

Em um país tão diverso quanto o Brasil, não dá para terceirizar o entendimento do seu mercado. A ausência de dados públicos consolidados exige que cada imobiliária se torne especialista em sua própria realidade. Conhecer sua praça, mergulhar nos seus dados e tomar decisões alinhadas à sua estratégia é o que diferencia quem sobrevive de quem lidera.

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